sábado, 17 de dezembro de 2011

Lembranças


Posso cansar de algo que não existe? Poderia dizer que tanta coisa aconteceu em algum momento que parecia ser real? Às vezes gostaria que fosse tudo desfeito, tempo perdido, lágrimas evaporadas, sorrisos cansativos. Lembranças podem ser feitas de pedacinhos inexistentes na sua história, são imagens que apenas realizamos em nossa mente, tudo que poderia estar sendo vivido, mas que não está. Gritar e colocar o que se sente para fora, não só de um modo imaginário, e sim de um modo explicito, no qual podemos ter atitudes que outros deixam de ter. Pode ser que tenha algum arrependimento depois... Será que valerá a pena correr esse risco? Corremos tantos todos os dias, por que não arriscar em algo que poderá nos fazer feliz? Conseguimos chegar tão longe, percorremos tantas milhas, talvez tenha significado algo, talvez estamos em busca desse algo. Temos frases que poderiam ser usadas repetidas vezes, em casos que acreditamos ser diferentes. Queimar uma vez e querer novamente o fogo, não o mesmo, mas o parecido... Seria fraqueza? Ou seria prazeroso desejar esse perigo? Nesses pequenos segundos que não damos conta de que está passando é que poderemos saber se cada palavra teve alguma importância, algum sinal de verdadeiro. O que incomoda pode prejudicar o que foi almejado por tanto tempo. Seria mentira falar que não gostamos do que foi bom e aproveitado, mas seria mentira também falar que não estamos sentindo insegurança e alimentando dúvidas que já teriam que ter respostas.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Quebrando o silêncio



Tem certas coisas que só podemos entender com o silêncio, seja ele em uma troca de olhar ou em um toque. Podemos unir silêncio e solidão em um só? Não. A palavra solidão é interpretada de um modo tão... Errado. Não é questão de estar sem companhia do seu lado, e sim ter companhia e mesmo assim se sentir vazio, com as esperanças perdidas. Ao fechar a boca prendemos palavras que poderão escorrer pelos nossos olhos, ou serem interpretadas com um sorriso, cada situação tem sua forma de transparecer. Por horas podemos ficar calados para quem está por perto, mas em nossa cabeça tanta coisa está sendo dita naquele momento, tantas frases estão sendo formadas. O silêncio nem sempre representa sons escondidos ou rejeitados... Ele mostra que podemos transmitir o que sentimos de outros modos, e muitas vezes melhores do que simples letras. Quebrar isso seria como apagar as formas mais bonitas de "falar". Tem palavras que não deveriam ser faladas em diversas situações, mas as usamos mesmo assim... Exatamente por isso deveríamos apreciar mais o silêncio, e aprender a interpreta-lo diferente, sem regras. Quebrar e cortar parece transmitir algo com barulho, mas não... Quebramos algo e expressamos de modo silencioso, normalmente pelos olhos... Cortamos e simplesmente gritamos, mas o que sentimos não está no agudo, está na pele.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Difícil é definir o que é certo



O que querem de nós? Esperam nossa queda? E a nossa liberdade? Está além do que imaginamos? Temos medo do que devemos? Ou o medo surge de algo desconhecido? Alguma decisão será racional quando temos sentimento envolvido? Estamos divididos entre o certo e o errado? Delírios são encontrados apenas em manicômios? Explodir por nervosismo seria só uma questão de tempo? Sedução seria algo ruim? Mesmo podendo ser transmitida apenas por um olhar? Está certo falar que nenhum adeus é pra sempre? Ou isso seria apenas uma frase de conforto para quem sofre uma perda? Temos um caminho escrito? Ou apenas palavras com espaços em branco? Julgamos o erro de muitos, mas olhamos para os nossos? Pinturas com significados diretos, mas será que essa era a intenção do pintor? Estaria certo descrever algo que não podemos reconhecer? O erro está em amar mais ou amar menos? Podemos ver o invisível? Se o sol não aparecesse todas as manhãs? Seria a lua responsável pela iluminação radiante? Brigar por religião vale a pena? Deus não seria o caminho de todos igualmente? Uma música representa um acontecimento, mas um acontecimento pode transmitir uma nota musical? Sorrisos escondem lágrimas, mas o certo não seria se todos colocassem para fora o que está machucando? Uma traição termina um relacionamento, mas não seria esse relacionamento que fez que com que houvesse uma traição? Se podemos dançar, para que escolhemos correr? Nossa vida é composta por segundos, mas por que nunca damos valor a eles? Ficamos apenas contando as horas... Por que não contamos os segundos? Por que não aproveitamos eles? Por que só temos dois caminhos a serem seguidos? O bem e o mal. Só um não teria alcançado a perfeição? Então por que insistimos em dizer que o caminho do bem é o certo? Todos deveriam ter um pouco de tudo? Na escola falam que pessoas pobres roubam, e ricas não, pois já teriam tudo para sua sobrevivência, mas o que eu mais vejo são os ricos em casos de roubos, como aqueles de grandes nomes, de grandes cargos... Entendem? Uma bailarina calça sapatilhas para transmitir sensações ao público, isso é certo? Mas será que todos sabem do sacrifício que ela passa por ter os pés ali dentro? Guerras poderiam ser trocadas por abraços de crianças? Todos ainda temos algo ingênuo? Será que as pessoas acham errado ter um bebê no colo? Seja para abraça-lo, beija-lo... Ou apenas para olha-lo e ver quanta inocência temos ali, e saber que é dessa inocência que o mundo está precisando? Definimos a distância como algo errado na maioria das vezes, mas como saberíamos do tamanho do nosso amor por alguém, se não tivéssemos a chance de poder sentir saudade? Temos muitas perguntas, e poucas respostas... Mas não estariam essas respostas, nas nossas próprias perguntas? Nossas escolhas são feitas de acordo com que achamos que é o melhor para nós, não é? Por que as pessoas insistem em querer interferir? Sonhamos, lutamos e alcançamos. Todos deveriam ser positivos assim? Ser uma pessoa positiva atrai coisas boas, não atrai? Tantas cores, e ainda assim tem pessoas que escolhem o cinza, por quê? O que é verdadeiro nós sentimos mesmo estando longe, isso torna mais fácil a definição do que ainda não sabemos o nome? Mas afinal, para que definir quando é muito melhor sentir?

sábado, 19 de novembro de 2011

Versátil


Poderíamos falar de vitórias ou de derrotas, mas quem esteve jogando sem trapaças? Vamos nos perder de novo na mesma rodada? Terminar o que não terminamos? As peças não podem mais se locomover. Fazer com que velas sejam apagadas com sopros que limparam nossas manchas internas. A saudade foi embora com todo drama que estava misturado, a música se calava para podermos ouvir nossa própria voz. A vida nos fez fazer escolhas capazes de mostrar o lado que importava. Foi o distante mais próximo que alguém pode ter, foram as letras mais desperdiçadas que alguém poderia soletrar. Fantasmas já não escolhem minha cabeça para atormentar, a sua deve ser a que está em risco. Agora diga que não lembra, que não teve sentido, que não enlouqueceu. Gagueje, para mostrar o erro nas suas silabas. Acabaram as frases incompletas, as ilusões, as perturbações. Já tive mais orgulho, mais medo, mais insegurança. Cada erro me deixa mais forte, cada limitação me deixa ilimitada. Não esqueço, não peço, não volto. Agora poderá sentir o que já passou por mim, o que já foi apagado. Não vai conseguir fugir sempre para os lados, sem tropeçar nas pedras que você mesma quis colocar no caminho. Siga aquelas pegadas, pois serão elas que vão leva-la a superação, irei estender minha mão para isso, mesmo lembrando que a sua esteve em seu bolso quando precisei. Estarei recordando sorrisos e não mentiras. Dos dois lados irá passar, não terá como evitar, mas saberá que o perdido não acompanhará você depois de aceitar o que merece passar. Deixe tudo mais simples, continue sem lamentar o que já aconteceu. É raro poder ter a decisão em suas mãos e saber usá-la de acordo com a solução.

domingo, 6 de novembro de 2011

Estante

 

Você pode escolher qualquer um que esteja na estante, mas todos estarão faltando alguma página. Nunca se sabe tudo, nunca se conhece alguém por completo. A graça está ai, no desconhecido, no misterioso. Todos enlouquecem por algo que não podem dizer, que não podem demonstrar. Folheando com calma será sempre mais fácil de adquirir o certo ou o mais desejado. Um “feliz para sempre” não está no fim desses calhamaços, eles representam vidas, as quais ainda estão sendo escritas, e apenas com um número pode mudar o fim. O que você quer encontrar? Tem certeza que do outro lado sua continuação não será percorrida? Escolha o que encanta, o que é capaz de fazer você sentir mudanças. São conteúdos opostos, é melhor arriscar no livro de menos páginas, pois será nesse que você irá depositar suas maiores vontades. Se não puder terminar de ler, não ameace abrir, isso poderá mexer com seu consciente. Um colorido transformado em cinza é menos ingênuo do que demonstrará.  Versos que não voltam atrás de uma voz que partiu. São questões que serão respondidas se fores capaz de ir até o fim. Não procure explicações em respostas que tens medo de ler. A curiosidade infiltrada orienta seu olhar para o que está mais adequado, independe de sua escrita ser difícil de ser compreendida ou não. Esteve com a introdução presa em sua mente, não perca a oportunidade de completá-la do seu modo. Prometa sem cometer arrependimentos em futuras palavras. Não sabes o que irá acontecer se começar nesse? Se não tentar, perderá o inesquecível que iria descobrir. Muitas imagens levantadas com um simples vento são arrastadas para longe, onde você nunca mais poderá vê-las. 

sábado, 5 de novembro de 2011

PAPI


Venha definir o que achas que pode ser descoberto. Venha sentir o que seu paladar gostaria de provar. Não peça segurança em uma área de risco em que você se aventurou. Relaxe para poder desfrutar de emoções que só ocorrerão uma vez. Mantenha-se em silêncio onde você não tem o poder de dominar. Libere sua audição, ela será necessária para cada som abafado. Aprecie enquanto sua visão não é apagada. Aposte nas suas cartas, mas lembre-se que a casa sempre é a vencedora. Tente pressionar antes que suas mãos sejam entregues a quem pode mudar o jogo. Encontre a dificuldade de um desapego obrigatório. Não questione as linhas que poderão falhar em qualquer corte. Se relacione apenas com o momento, para que seus minutos não sejam um desperdício anti-horário.  Determine cada preliminar que causará transformações adequadas a pele.  Não interrogue, não interprete, apenas desenrole. Uma atitude perdida é a causa de uma chance esquecida, eliminada, desprezada. Atravesse confiando que seus passos não estão sendo registrados. Não é tão difícil realizar desejos quando se pode comandar a introdução e a duração. A sensibilidade do cheiro estará no afeto retido. Lamente, tenha consciência de que as intuições superiores sempre serão as certas. Um físico capaz de julgar cada centímetro de contato.  Simpatize, e se perca. Honre seu nome e tente ser diferenciado, notabilizado.  Não regule seus limites, faça prosseguir. Saia sem lembrar que seus sentidos foram explorados, pois eles podem desejar a dose que nunca terão.  



terça-feira, 1 de novembro de 2011

Seu amor invisível


Apenas olhe para cima e sorria. São situações que nunca deveríamos passar ao estar em total desespero. Somos capazes de construir escudos em nossa volta para nos prendermos no nosso próprio mundo. Essas ligações jamais são quebradas ou deletadas, estão cada vez mais vivas, mesmo quando não podemos mais aprecia-las. Acima há algo que já conhecemos, mas que não nos recordamos com o passar dos anos. O desapego não é eterno, é só por alguns instantes. Sentirá sempre seu abraço, por mais que o mesmo seja intocável. Sua face está sempre em seus olhos, e suas respostas estarão sempre em suas perguntas. O que pensar quando não podemos ver o que queríamos? Sem fim, nenhum dos lados vão se despedir. Sua presença é cada vez mais forte em quartos que escondem seu verdadeiro ser. Ninguém está preparado para um afastamento doloroso, nessas horas temos que lembrar a força que temos do nosso lado, muitas vezes ela é ignorada. Beije-o apenas em sua imaginação, e verá que está mais perto dele do que nunca. Fale, ele estará sempre ouvindo sua voz e a transformando em futuras promessas de felicidade. Durante a noite feche seus olhos e aprecie o que seus olhos não podem ver, ele estará ali. O que brilha lá fora é para todos, e você é o principal motivo desse brilho. Fortifique suas boas lembranças, lembrando-se de nunca estar sozinha.  Ele disse “Eu te amo”, e a verdade mais bela esteve marcada nessas simples palavras. Por trás estará a saudade, mas na sua frente à mão de quem você deseja ter agora estará sempre apoiando a sua.


quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Se eu morrer antes de acordar?


Os olhos seriam fechados e o corpo adormecido. Daria continuidade aos que acreditaram. Deixaria a necessidade e o prazer de sentir, para os que poderiam suportar uma perda. Colocaria a dificuldade de lidar com as coisas, nos que desejam o intenso.  Sentiria as partículas arranhadas a cada passo que apagaria. Superaria as despedidas, consciente que elas seriam passageiras. Forçaria o risco de me arrepender por algo que teve um toque, e não por algo que somente foi imaginado. Um único motivo seria o bastante para balançar o imortal.  Desenharia rabiscos capazes de transmitir o real invisível. Assopraria o vento, para os que precisam de leveza. Agarraria o mais doce dos casos, guardando nele o que me foi deixado. Ligaria a circulação em pessoas desconhecidas. Quebraria a infelicidade apenas com o calor honesto. Seguiria as pegadas construídas por um acompanhante. Voaria para longe libertando as raízes maduras. Correria mil milhas para que o último olhar fosse trocado. Cometeria erros para que a responsabilidade sumisse durante a alegria. Falaria o que foi machucado e o que seria lembrado. Calaria para dar à razão a emoção. Lutaria para guiar as mãos controladoras. Optaria por andar descalço, para não ser enganada por solas confortáveis. Odiaria, para mostrar que o amor é capaz de estar entre todos. Arderia, para que o sofrimento evaporasse com as lágrimas derramadas. Complicaria a certeza, para que todos tivessem coragem de seguir o duvidoso. Morreria, para valorizar os últimos minutos de atitudes. Dormiria sabendo que uma única luz seria capaz de me fazer acordar.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Queimando


Queimando como todas as promessas e lembranças que tiveram que ser esquecidas. Ardendo como a intolerância de um fim. Aumentando como o desprezo de uma atitude desfavorável. Desenvolvendo como o orgulho que foi prejudicado e mal intencionado. Esfumaçando como os momentos que sumiram antes de acontecerem. Reluzente como o previsto para uma felicidade imaginada.  Abaixando como as mentiras que alimentaram insanidades. Mudando como as páginas viradas. Iluminando como as ilusões resgatadas emocionalmente. Sumindo como as lágrimas que limparam a memória defensiva. Enganando como a paixão inexistente nos sentidos. Destruindo como as palavras que construíram a ventura insignificante. Esquentando como o perigo de um acaso desmoronado. Encantando como a candura extraída de faces erradas. Certo como os membros apoiados em peles invisíveis. Ameaçador como a música que anunciava o inapropriado. Selvagem como o corpo que sentia sede de calor. Inesperado como os olhares nunca cruzados. Falso como os perdões escritos de imediato. Perturbador como o imprudente atormentado. Crescente como o tempo que foi contado. Apagando como o abandono de recordações inapagáveis. Reaparecendo como o que antes representava apenas fantasmas.   

Apetitoso


 
Presente na mesma esquina, esbanjando tal sexualidade. Seu poder de atração era admirável, desejado, tocado. Nos lençóis era possível imaginar qualquer ação real que seria exposta. Seria capaz de derramar marcas pela pele, transmitindo prazer, tesão. Aprendendo a tradução de várias línguas pelas curvas no mapa apreendido. Dominação, ambição, excitação, sintomas arqueados com tantas roupas rasgadas pelo chão. Puxadas brutais, capazes de elevar seu nível devasso. Tantos fetiches a beira do suicídio, tantos toques ofegantes, tanta caça apenas por uma presa. Movimentos circulares com paladares aguçados. Orientação dada pela perversão. Uma fobia que poderá ser causada pela perda do controle. Favorecendo o que antes estava adormecido, apenas com a introdução regular. Uma definição de almejo, de maldades provocadas. Guardando a concepção do oculto, do que privilegiará tais tatos. Uma repetição moderada, mas muitas vezes exaltada. Um silêncio abafado por gritos intencionados. O descontrole afiado capaz de transformar o inocente em culpado. Coisas más são bem vindas para os que têm começo e fim salivados. O gosto está em possuir o pecado, ou o que alguns vêem como inadequado.   

domingo, 9 de outubro de 2011

Chá

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É tarde, é tarde, é tarde, é tarde, é tarde. O coelho falava entre seus pulos no chão. Pessoas tentavam arrancar qualquer detalhe do ambiente fechado, mal imaginavam o que estava trancado. A rainha de copas presenteava a todos com sua ilustre presença. Sua educação e simpatia eram de admirar, o que para alguns tornava-a bastante suspeita. Cortem as cabeças seria a frase certa para o Challoween que estava apenas começando. Histórias mágicas? Final feliz e príncipe encantado? Acho que nessa data não seria o momento certo para procurar isso. Uma mesa bem colocada, com pratos saborosos, mas misteriosos. Um bom paladar para quem experimentava. O que teria naqueles alimentos? E naquelas bebidas? Os efeitos sanguíneos estavam prestes a aparecer. Uma entrada pouco iluminada, com um gato capaz de aparecer e desaparecer aos olhos humanos. Cartas abaixo de todos os pés. O jogo já estaria perdido? Um carro aberto, abandonado. Onde estariam as pessoas que antes estavam dentro do veículo? Alguma conseguiu sobreviver? As batidas musicais colocavam seres surreais a solta. Sim, eles eram diferentes. A mulher suja, deformada, apenas com a intenção de levar todos para o labirinto em que seriam devorados. Zumbis em toda parte, com olhares penetrantes e maldosos. Achar um lugar seguro era impossível. O mais fácil seria se entregar a eles, assim o que estava por vir poderia ser menos doloroso. E para os que gostam do difícil? Da aventura? Esses estavam em uma localização certa. Talvez uma sala até fosse segura, até manchas de sangue surgirem pelas paredes e espelhos. Era a hora do terror. Cadeiras bem frequentadas, o difícil era saber quem ali não iria mordê-lo. O vampiro na porta era dono de um poder atrativo magnético, seu charme era a isca para inocentes. Bem vindo ao túnel, quer companhia? Acha que é capaz de sair sem nenhum arranhão? Ou sem ser contaminado? Então entre e fique a vontade. Passar mal era ilegal para quem não pretendia ser atendido por um médico que só estava interessado em carne, de preferência, viva e quente. Risadas abafadas, gritos desesperadores. Sete dias para uma fita de vídeo ser mostrada para mais alguém. Vai arriscar? Desliguem seus telefones, não será válido atender o pânico. Deixem que os movimentos involuntários tomem conta de seus corpos. Os caixões estavam abertos, e vazios. Eles já estavam destinados a alguém? Cuidado, o seu nome poderá estar escrito nele. O chapeleiro enlouquecido estava com o veneno em suas veias. Quer ser envenenado por ele? Tire sua cartola. Não tenham medo do escuro, dos barulhos, das correntes, ou dos que vagam pela terra para buscar vocês. Isso faz parte da diversão dessa noite. Então, aceita um chá?

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Iluminado

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Olhar escuro, esquecido, abandonado. Boca carnuda, onde guardava tudo o que gostaria de pronunciar. Longe, sem muitos contatos espontâneos. Dono de um baú que poucos conseguiam abrir. Cabelos reveladores de sua personalidade oculta. Mente aberta, com segredos fechados. Uma atenção recomendável, as vezes acima do normal. Pouco examinado, pouco admirado, pouco afetivo. Por trás uma imagem relevante. Descobertas cobertas por prevenções. Dentro de uma rotina em ritmo lento e persuasivo. Iluminado por algo que não compreendia. Seu verdadeiro ser morava na frase escrita em seu peito. É mais do que podem enxergar. Não é possível notar tanto caráter, a não ser que consiga ver além do rosto, dos olhos, da retina. Seu esconderijo o mantinha em proteção. O que aconteceu nos anos anteriores? E nos dias que estão por vim, o que está desenhado para acontecer? O limite não é apenas o céu. Até naquela escuridão existe estrelas a brilhar. Uma boa fotografia pode apresentar o que deseja ardentemente. A cor carregará até um lado desconhecido, misterioso. É só o começo de batalhas que serão vencidas. Uma evolução bem feita resistirá a qualquer depressão aceita.

Pássaros

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Ao som dos pássaros, uma melodia que nos faz pensar. A dança de seus corpos pelo céu, e a leveza de suas penas como uma aquarela. Pousos delicados, com grandeza e simplicidade. Belas pinturas coloridas, sendo levadas por ventos mornos e aconchegantes. Um canto adocicado e apreciado pelos admiradores do bem estar. Carregadores de uma positividade tamanha. Uma real e pequena forma. Possuidores do ar livre, símbolos da liberdade. Avançam em seu caminho com um esforço privilegiado. Reis de um lugar que dizem ser o limite. Sintonias modificadas com o sentido das palavras. 360° de voo liberado pelos deuses que os criaram. Portadores de uma tranquilidade incomparável. Nunca capturados de verdade, estão sempre ensinando o sinônimo de prosperidade. Tanta alegria em apenas uma visão, uma aparição. Os reconhecedores de sua ingenuidade são abençoados por sua efetividade. Lágrimas que curam qualquer pedaço desconfiado. Os espirituais possuem o dom de tê-los sempre por perto. Tão adoráveis e raros. Presentes em lares com amores únicos. Voam para longe, sem pensar no destino em suas estradas, sempre alcançando maiores níveis, presenciando suas boas memórias. Lembrando que nenhum pouso dado, mesmo sendo pequeno ou julgado desnecessário, foi em vão.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Intocável

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Era de uma forma diferente, intocável. Para quem assistia de baixo, não imaginava um toque, um perfume. Voz e movimentos encantadores. Apenas com um olhar, um chamado concedido. A entrada era mais perto do que seu corpo pensava que seria. Igualmente percorrida, sem interferência de medos ou futuro. O caos aparecia mesmo tudo mantido em silêncio. Suspeitas que nenhuma estava disposta a se preocupar, ou "corrigir". Era o momento, o poder de estar ali, pele com pele. Uma ocasião única, aproveitada em mínimos detalhes. Muito mais que um desejo momentâneo, uma semelhança. Não existia tempo para pensar, só para agir. Ousando desobedecer qualquer regra existente nesse meio. Significava mais do que uma simples noite, era algo extraordinário. Segundos mais valiosos que os primeiros passos dados. A segurança transmitida pelas mãos, sorrisos, palavras e atitudes. Grandes ações, liberações e perfeições. Parecia ser um sonho com cores vivas, mas na verdade pertencia a uma realidade não tão distante. Jamais seria esquecido, aquelas cenas estavam desenhadas como uma tatuagem. Foi maravilhoso. Estavam preparadas para um afastamento que seria lembrado por uma troca de olhares. Reencontros marcados, telefonemas esperados. Perante todos não existiria tal possibilidade. Perante a elas, a possibilidade tinha sido a fase inicial. Tudo foi possível em apenas uma sala. Ninguém precisava entender a razão por ter acontecido, elas sabiam o motivo da ação, da paixão. Talvez um dia até queira voltar atrás, mas se não tivesse feito tudo aquilo, como saberia o quanto seria bom?  

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Vem

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Esse é o momento em que verdades serão ditas. O ocorrido abrirá portas extras. Olhares irão mostrar o que estava guardado.Mensagens visíveis e concretas despertando o que fingia estar esquecido. Pode não ser a hora certa, mas sim a oportunidade correta. A força vai estar em resistir, em limitar. Ruas construídas para uma estrada sem rumo. O que passou só interessa em geral. Dias que antes eram contados, hoje são aguardados. Extremidades aparentes em águas passadas. Permitir sem respostas racionais. Entender cada movimento é a dificuldade dos sentidos. Direções ligadas por algum motivo inesperado. Demonstrações que poderiam ser observadas, estão escondidas por insegurança. Arriscar vale mais a pena do que perceber, tarde demais, que errou em não tentar. Um encontro que decidirá o que a distância irá representar. Não é esquecer, é apenas querer dar uma segunda chance ao que poderia, e ao que poderá ser inesquecível. As piores dificuldades são as que nos dão melhores coisas. Volta, isso é verdade, mas que dessa vez não seja aceito o mesmo erro. A certeza de que essa história não termina agora, é o que trás a incerteza do impossível. Vem, o descontrole irá controlar o que já estava previsto. Reconstrua o que deixou pela metade. Faça melhor, mostre sua capacidade de reconquistar o que estava dado como perdido. Diretas, transparências. Não perca a chance que é dada a você pela segunda vez, pois ela pode valer muito, e ser a última.

domingo, 18 de setembro de 2011

Yay


São com as minhas mãos que sou capaz de transformar o que me cerca. Um futuro previsto, almejado e ao mesmo tempo, desesperador. Conquistas estão além da razão, e sim, juntas da emoção. A necessidade de obter o que deseja, muitas vezes pode ser prejudicial. A capacidade de lidar com críticas é dada para poucos. Ingênuidade, ambiguidade, desigualdade. Relações opostas atraídas por semelhantes. Verdades escondidas pela sede de poder. Abandono de caráter quem nem sempre será bem-vindo. Golpes que envolvem físico e emocional. O profissional em conflito direto com o pessoal. Separações que deveriam ser feitas antes de aceitas. O vencedor está na trilha percorrida, nas guerras perdidas, nas premiações concorridas. Liberações de efeitos famintos ao longo da trajetória. A simplicidade e o talento juntos aos que subirão os degraus. Boas recordações deixadas por um motivo maior. Vencer está em querer e poder. O impossível é inexistente na área sonhada. Suor, dor e ao mesmo tempo, alegria, amor. Se um dia pensar em construções significa que poderá realizá-las. A palavra merecer é para os que sabem correr. Caminhos de desafios, lutas, perdas e muitas vezes, vitórias.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Mona Lisa


Ela se sentia presa como a Mona Lisa. As desculpas de um sorriso transformavam seus pesadelos em rotina. A transparência afastava sua estrada segura com paisagens surreais. Suas garrafas de whisky quebradas nas paredes rasgadas. Pecava em solidão com gritos abafados. Na frente as ruas eram escuras, e atrás nada era visto. Falavam que seu segredo estava no interior de seu olhar. Sua imagem significava discordância de idéias. Aparentava reflexos distintos. Sua boca costurada através de pincéis. Indentidade suspeita à beira da loucura. Passos largos em uma ponte que escrevia seu fim. Névoas transtornadas pela água. Sombras falsas e confundidas. Cordas com pontas acabadas. Vestidos atravessados com o calor. Plantas balançadas pelo eco que foi deixado. Branco iluminado pela escuridão. Certezas trocadas por quem não merecia tal alegria. Mensagens no ar desabrigado. Caminhos levados para a verdade invisível. Passagens de ida, sem pretensão de volta. Orgulho excessivo e cansativo. Luz por fora e ingratidão além do seu limite. Notícias derramadas em jornais excluídos. Força tranformada em dor e vingança. Confiança traída pelos seus iguais. Atos jamais utilizados. Planos ignorados. Obras donas de um mistério impossível. Reproduções valiosas para quem um dia acreditou.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Traição


É como uma ardência pelo corpo. Algo que é trasmitido através dos olhos, das mãos e das lágrimas que passam pelo rosto. A reação do organismo é imprevisível. O modo demonstrado é variado, de acordo com as profundas mentiras. É ilegal, um ato sujo, transmitindo derrota, solidão, decepção, pelos dois lados. Não basta um só amor para sentir, nem só um para uma traição. Amarrados e agarrados. Lábios jamais trabalhados igualmente. Cartas queimadas pelo fogo provocado desproporcionalmente. Vergonha arranhada nas costas. Ilustrações falsamente vistas. O caminho percorrido por ilusões. Brigas representadas por disparate. Uma relação apagada dos lençóis. Copos quebrados por depressões e intolerâncias. Mãos escorregadias como a água derramada. Distâncias guiadas por lados opostos. Canções escritas para o esquecimento exigido. Páginas que não deveriam ter sido abertas. Um herói perverso e mentiroso. O ocorrido lembrado a cada esquecimento. Um fim que poderá ser trágico e mortal. Um círculo vicioso que depois de fechado nunca mais é aberto. Perdão estimulando os erros que estão por vim. Uma nova paixão vinda de um"ex amor".

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Imaginário




Optar por fazer parte dessa loucura, viver sem medo de mostrar seu verdadeiro lado. Não importa a percepção dos outros sobre suas ações favoráveis. Sua música desenhada e sua pintura cantada. Fotos com um movimento que a dança guardou em recordações. Literatura numerada em cálculos que foram escritos por semelhantes. Estrada de tijolos amarelos com acompanhamento de personagens reais. É tarde para o relógio do outro mundo, e cedo para a corrida sem linha de chegada. A fantasia é real onde a realidade é imaginária. No fim do arco-íris um armário poderá levá-lo aos contos. Árvores carregadas por pequenos seres capazes de enfrentar uma guerra pela paz. Uma mala pode conter mais do que a capacidade dita. Liberdade para expressar o amor independente do exterior. Loucuras consideradas perca de tempo para loucos considerados controladores das horas. Uma grande cartola encarregada de eliminar más vibrações. Agradecimentos aos que partiram e aos que estão para chegar. Um lugar onde sua fada madrinha pode desfazer seus erros, e onde um príncipe pode te deixar encantada. Beijos que podem mudar muito mais que apenas um sapo. O caminho percorrido por sapatinhos vermelhos que levarão a qualquer lugar que desejar. Espaço fechado para fechaduras tão vazias. Correntes quebradas para trazer a felicidade necessária. Varinhas transformadoras de poções saudáveis. Satélites incapazes de definir marte. Um sol paralelo a vidas ainda não descobertas. Sonhos que saem do inferior da cama. Esperança implorada pelos mudos. Toda positividade é dada para quem é capaz de viver em um país das maravilhas imaginário.


terça-feira, 9 de agosto de 2011

Inferno


Um personagem fora do palco é uma atuação lamentável. Me julgar é muito mais fácil que admitir que os meus erros se encaixam nos seus. Você não lembra daquelas noites em que se perdia nas bebidas e nas drogas? Não lembra dos quartos em que esqueceu sua dignidade? Sua declaração é que aquelas luzes foram apagadas. Mas e sua família? Para ela não teve tanta mudança assim, não é mesmo? Era vista como ingênua, e agora como santinha. Sabe qual é a diferença? Agora você acha que a sua verdade é a certa. Passou pela sua cabeça alguma razão? Uma igreja com modos brutais é boa para o seu futuro? Perfeição não combina com castigo. Entende? Ou será que preciso lembrar das ruas cruzadas? É, meu bem, não venha me dizer que estou no caminho errado, ou que não terei perdão para os meus pecados, afinal, os meus são bem menores do que dos seus representantes. Você diz que traição é imperdoável, mas considero que em pensamento também tenha o mesmo significado. Ser puritana não é sinônimo de ser uma pessoa boa. Suas ações não foram queimadas como você acha que certas pessoas serão. Que se dane se é difícil para você manter uma linha que acha reta. Nenhuma reta é lisa e perfeita. Não seguir sua religião me levará para baixo? E suas maldades? Deixarão você entrar pela porta sagrada? Desculpa, mas vejo você no inferno.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Reflexos


Quantos reflexos uma pessoa é capaz de ter? Quantas formas de agir e reagir? Um espartilho pode mudar realmente sua aparência? E se o problema estiver dentro, e não fora? Seria possível ter dias inglórios? Obter com astúcia valerá? É necessário possuir um destino obscuro? Pela janela a imagem está refletida. Esconder não proíbe o aparecer. Enganar pode durar até achar. Pedidos sem fé, divididos entre o fogo. Liberação de um ser que jurava obedecer. Existe orgulho em tanto desprezo? Se não sabes o que acontecerá, ninguém irá contar. Planos podem ser apagados, rasgados e um dia até lembrados. Afinar não é o bastante para uma voz que já desafinou. Perder ou ganhar não tem mais tanta relevância. Olhos podem ignorar tais fotografias? Uma cor pode ser misturada e entregue em mãos livres? A beleza por fora não representa o pó que está no interior? Lei desobedecida e julgada pelos impróprios. Consumismo destruidor de futuros. Medo transparente em uma sombra negra. A mágia do encantamento está além do visível. Ao lado quadros exilados e recordados. Comentários patéticos e inexistentes. Traços bem feitos e almejados. Leitura complexa para quem não poderia enxergar. Espelhos refletem mais do que você pode imaginar. 


quinta-feira, 4 de agosto de 2011

SEXITUP



Quantas partes serão tiradas até que todos sintam o prazer necessário? Paladares significativos para missões desconhecidas na primeira viagem. Modos que não são repetidos em cada partida. Linha de chegada esperada mas nem sempre alcançada. Simples e duvidoso para os capazes de soletrar a noite passada. Perfume derramado na maciez da pele. Toques sem direções decoradas. Caminhos fáceis de serem encontrados, e difíceis de serem acordados. Melancolia presa nos que falham. Imorais dedicados aos lençois. Dados e velas usados para expandir o calor existente. Óleos escorregando entre os dedos ligados a excitação. Linhas arrebentadas pelo desejo momentâneo. O derretimento pelos lábios carnudos. A visão focada em pontos distorcidos. Entendimento sem dependência de palavras. Movimentos circulares podem alcançar o alvo voluntariamente. Libido intensa com instinto carnal. Arranhões sequestrados pela proibição do ato. Ansiedade exercitada por todos os sentidos. Pecado condenado sem força para ser recuado. Linguagens óbvias e claras ao levantar. Ciúmes despertando o poder amarrado. Evidências expostas a olho nú. Ligações rompidas e relacionadas automaticamente. Suor eliminado por sensações vibratórias. Experiência valendo um Grand Finale.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O Pianista


Melodias clássicas em uma janela que apresentava apenas sombras. Olhos fixados no talento misterioso. Teclas suaves como o som. Solo de solidão esquecida por alguém. Curiosidades pelo ser representado atrás da luz. Composição noturna e serena. Seus segredos amarrados pelas cordas. Mensagens sinalizadas pela música. O escuro na parede iluminada. Um coração desiludido pelas portas fechadas e jamais abertas. Chance perdida por orgulho. Passado sem retorno para o fim. Uma lua sem brilho, negra. Sonhos sem valores para a realidade. Sentir sem tocar, amar sem existir. Uma continuação eterna em um túnel abandonado. O toque e a vida deixados pelo adeus. Lágrimas  eliminadas por remorso. Força apenas nos dedos deslizados pelo piano. Memórias marcadas e trancadas. Imagens destinadas para olhos fechados. Acreditar para poder ver o que pode ser perdido. Detalhes ignorados, que hoje são recordados. A magia de um carinho antigo, existente na alma. Um rumo abandonado com seu corpo. A saudade e a dor de um perdão não dito. Milhas percorridas para baixo. Querer sem poder recuperar os anos. Um pianista esquecido pelo tempo. Um perto tão longe de ser real. A verdade salva no espirito que ja foi levado. Segurar na hora de partir, é tarde demais.

domingo, 26 de junho de 2011

Carrossel


Vamos dar uma volta e notar que nunca vamos parar? O sol nunca vai ter o mesmo brilho todos os dias, uns vão ser com mais escuridão e outros com uma forte iluminação. Em um círculo formado podemos conhecer muitas pessoas, as boas permanecerão, as ruins abandonarão. Em alguns podemos ver o vazio não conquistado. Sempre irá ter mais voltas, e com elas mudanças que muitas vezes podem parecer pequenas, mas ao olhar para trás verá que sua vida hoje foi feita por esses fragmentos. Ferimentos não são esquecidos pelas rodas formadas. Alegrias permanecem em sua aura. Cores são mudadas pelos sentimentos. E mais uma vez estamos rodando, sem saber o que nos espera. Trilhos de ida e volta, com um rumo determinado, mas sem nenhuma noção de quantas pessoas estarão no caminho. Uma máquina transformando nossa rotina em algo tão esperado. Mudanças constantes em círculos que antes eram viciosos. A corrida determina um inicio contínuo. A volta desejada é apagada por novas oportunidades. Querer, continuar, andar, é isso que vai decidir seu futuro e o que quer presente nele. Aqui não temos última estação, é tudo uma reviravolta. A linha pode ser traçada de outros modos, do seu modo. Partir sem olhar para trás, mas resistir ao que está a surgir. Atravessar sem recuperar o que entristeceu. Continuar com tudo o que te ergueu. A vida é como um carrossel, ele gira, mas nunca repete a mesma volta.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Chave



Representações bastardas de algo sentido e escondido. Muitas vezes guardados e abandonados, como se nunca mais fossem renascer. Divisões em partes nem sempre iguais. Riscos corridos e beijos ocultados por paredes repletas de segredos. Um amor injusto para ser doado de forma tão desapropriada. Vivido e deixado pela distância. Apenas será lembrado como inalcançável. O impossível próximo do real. Misturas surreais para o significado paixão. Um projeto que revela seu interior a medida do conhecimento. Encontros e olhares inadequados e desejados. O vazio visto na cama ao lado. Os pensamentos no futuro presente almejado. Linguagens corporais como sinais positivos do que está passando. Toques com uma simples pureza. Sentimentos confusos e compartilhados. Muitas vezes deixando a música interpretar o que as palavras não conseguem expressar. Culpa e prazer estão unidos nesse coração repleto de dúvidas. Formas derramadas por vinhos degustados. Pagamentos efetuados por etapas de liberdade. Romances imaturos causadores do bem estar. Transformações publicadas e visualizadas pelo reflexo oposto. Combinações mal vistas pelos indecentes. Nudez perdida pelo pecado das mãos. Perguntas que só serão respondidas se forem escolhidas. Amor de milhas aperfeiçoadas. Curiosidades além de um olho mágico. Uma chave pode abrir muitas portas. Será a abertura certa? Isso você só saberá a resposta se entrar.

domingo, 22 de maio de 2011

Elegância



Sexta feira, um dia de desenhos e logo mais parque de diversão. Hoje, sexta feira, aula ou trabalho e logo mais bebidas e amigas. Dia trocado pela noite. Brinquedos trocados por festas. Longo prazo de excitação para toques que antes representavam apenas afetos. Barbies e maquiagens estão em sentidos opostos agora. Levantar da cama cedo não representa mais querer assistir algum desenho, e sim, ressaca ou praia com os amigos. Bolsa e celular ocuparam o espaço deixado pela boneca e o bichinho de pelúcia. O amiguinho ou amiguinha na atualidade representam amores, sofridos ou não. Lingeries ficam no lugar de biquinis de bolinhas. Shopping com as amigas sem direito a carrossel. Um adeus para a princesinha e um olá para a nova garota competitiva. Mais do que uma dose por minutos. Cores da madrugada são as alegrias que hoje assistem seus movimentos agudos. Julgamento por desconhecidos pela beleza artificial. Piercings, tatuagens são apenas lembranças de brinquinhos e pinturas. Um espelho aparentando sempre um defeito para ser corrigido. Vítimas do tão desejado sexo. Músicas que conduzem ao strip, tirando de seu corpo tudo que um dia ja foi admirado. Gotinhas transformadas em um sólido. Perfumes que marcam acontecimentos. Viagens feitas em seu próprio quarto. Luzes apagadas sem a presença do medo. As pessoas não querem mais jogar com você e sim jogar por você. Cartas estarão sempre na mesa, basta você saber como usá-las. Não é mais a questão do vulgar e sim do proibido. Hoje, ser sexy faz parte de uma elegância.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Tempo



Era um tempo passado tão distante de chegar, era hora de reviver algo que não tinha mais como esperar. Os ponteiros permaneciam em um sentido anti-horário. Vozes em volta junto com as pessoas que corriam contra o tempo para chegar aos seus pontos iniciais. Uma direção oposta e ao mesmo tempo futura. Era puxada para um lado onde não sabia o que encontraria. É tarde, tarde demais para tentar algo que não tenha sido imaginado. Palavras sendo carregadas junto com suas razões. Arriscando perder suas horas calmas. Sendo guiada pelo instinto. Minutos mudam seus rumos, aprendendo a equilibrar seus momentos. Provando mais do que uma ilusão, aceitando o perdão e revivendo o que foi perdido. Um sorriso apagado pelos ventos, uma força deixada para trás, e um sentimento guardado no coração. Havia coisas que estavam para acontecer, mas o tempo é algo duvidoso, algo que devemos desconfiar. Uma lembrança com passagem de ida sem volta. Partir para um lugar desconhecido e desejado, apenas com a ambição. As batidas eram lentas para quem ouvia, e rápidas para quem sentia. Um colar fechado representava um ciclo concluído. Destinos eram traçados, pessoas eram apresentadas. É curto quando não aproveitamos. Parecia segundos pela forma de como ocorreu, minutos pela distância, horas pelo que era recordado, e eternidade pelo amor.

sábado, 30 de abril de 2011

Jogos





São jogos cansativos e destruidores que tornam nossa cabeça mais fraca e nosso corpo involuntário. Sentimento inato que consume nosso dia a dia com vícios e rebeldia. Polêmica desnecessária, com ida sem volta direta para inglória. Fome de poder em peças frágeis e limitadas. Necessidade que sobe com a perda de moedas. Quanto mais jogam, mais querem. Esse círculo vicioso não tem fim. Direção final semelhante a uma roleta russa. Desafiando a própria vida em cartas. Notas verdes refletidas na mesa de veludo. Uma prova com números desprezíveis. A saída sempre aparenta algo simples logo na primeira entrada. Dados viciados como as pessoas que os jogam. Valete, dama e rei provocam brilho aos olhos de jogadores, ÁS vezes deixando tão claro quanto seus bolsos vazios ao término de um  jogo. Sorte e habilidade duelam cara a cara. Placas indicam o caminho para a próxima perdição. Os prazeres já se tornam doenças e sede por mais. Mãos tremendo deixando suas marcas no dinheiro gasto com bebidas e cassinos. Tornando assim, seu último gole de ambição, derramado pelo tapete vermelho da luxúria.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Amor e Violão




A virada noturna conduziu meu corpo e minha alma á uma direção sem fim, sentia um balançado por toda a minha aura, fazendo com que minhas decisões naquele momento fossem inquestionáveis. Desejar, gostar, amar? A adrenalina era liberada através do meu olhar, através do meu sorriso. Uma sala sem ninguém, amor ao som de um violão, sem distância nem saudade, era o que nós precisávamos ter experimentado. A oportunidade ficou pelo ar, assim como as músicas cantadas. A vontade pulsava pela minha pele, seu toque já fazia com que eu me entregasse mais a você. Colados não tinham sido só os abraços. Pensar em nós era o que a minha felicidade exigia. Falar de sonhos, medos, desejos nos aproximavam. As semelhanças brotavam a cada frase. Era incrível e inacreditável como com apenas um olhar e um sorriso você já estava presente no meu tempo. Não me lembro da lua daquela noite, e sim do sol que nasceu à brilhar. Uma mudança causada por uma diversão, repleta de loucuras e devaneios. A razão de estar naquele lugar, me fazia pensar. Já me perdi, já delirei. Estar contigo novamente já tem hora para acontecer. Sua imagem de bruta flor mudava com apenas um contato. Sensações cruzaram nosso caminho, e com ele um adeus nunca será dito, apenas um até breve. Sem você não pode ser. Avassalador como nome próprio para a situação. Hoje, guardo seu olhar na minha visão, seu sorriso nos meus lábios, seu toque na minha pele, e você em uma canção.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Quando eu crescer




Tenho sonhos, sabe, aquilo que os adultos não gostam de falar, julgam ser uma perda de tempo na vida das pessoas. Na verdade, tenho grandes sonhos. Não sei qual quero seguir primeiro. Eu sempre quis dançar em um palco com sapatilhas nos pés, ser uma bailarina. Sempre quis poder liberar meus sentimentos mais profundos em uma carta que se tornaria música um dia, ser cantora. Sempre quis assistir uma novela que meu nome estivesse nela, ser atriz. Sempre quis viver escrevendo, contos, livros, cada um mais emocionante que o outro, ser escritora. Sempre quis correr em uma rua ou campo grande, com o vento batendo no meu rosto, e o som dos passarinhos no meu ouvido, ser atleta. As pessoas grandes preferem falar de números, principalmente aqueles com o nome dinheiro. Não me interesso por aquelas notas, por mim deixaria muitas delas voando, e sabem por que? Porque a felicidade está naquilo que você ama fazer e não em um cofre cheio de jóias. E se todos fossem crianças? Haveria tanta guerra? Não precisava deixar de crescer, só precisava ter a consciência e o amor de uma criança. Sabem, para nós o mais importante é a felicidade, a compaixão. Eu já sei o caminho que quero seguir. Quando eu crescer quero ajudar os outros, dar amor a todos, não importa sua cor, sexo, corpo, religião, preferência, por dentro somos iguais, estamos juntos lutando por nossos sonhos. Falam da nossa inocência, e que vivemos em um mundo imaginário, sim, pode ser verdade, mas nesse mundo em que queremos viver e crescer é um sem preconceitos. Quando eu crescer só quero me lembrar de uma coisa, de ser uma criança para sempre.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Laços




São fitas finas, grossas, grandes, pequenas, decoradas, lisas, coloridas, e todas elas são ideais para se fazer um laço. Ao ver uma você ja senti uma afinidade, uma atração boa, baseada em carinho. Os laços são feitos de diversas formas, cabe a você escolher qual forma o seu deverá ser feito. Eles podem ser aqueles lindos como de presentes para crianças, que facilmente são desatados, ou aqueles com falhas mas que são tão resistentes que nada nem ninguém consegue desata-los. A diferença entre eles está em pequenos detalhes de como são feitos. Os que tem uma aparência incrível são os que se desfazem com mais rapidez, duram o tempo necessário para chamar atenção, até vim um vento forte e desfazê-los. Os que aparentam uma imagem delicada e ao mesmo tempo com falhas e amassados, são os que resistem, aqueles laços que você faz um dia e nunca mais os retira. São criados com amor, seja pela família, por um amigo ou por uma relação, esses são os que duram. Uma gaveta cheia de fitas desamarradas é vazia, o número existente não faz diferença, e sim o número de laços que ainda estão feitos. Aquela caixinha guardada com apenas três laços, vale mais do que a certa gaveta. Podem brincar, dançar, cantar e até mesmo vestir a fitinha, na hora da necessidade de um apoio, o que vai contar é o nó bem feito, para que essa fitinha não volte a ser reta, e sim, mantenha o laço resistente. As falhas e os amassados, fazem parte de algo firme, pois são esses pequenos defeitos que mostram que apesar de todas as diferenças, o carinho se mantém acima de tudo. Separados, e muito tempo guardados, acontece de alguns desmancharem, mas lembre-se, aquele que você se dedicou e fez com o maior cuidado, estará ali, esperando a sua volta. Laços eternos são aqueles que mesmo com a distância permanecem fortes.

terça-feira, 29 de março de 2011

Casa 231



As folhas soavam ruidos sinistros na batida do vento, as janelas batiam, e a névoa escurecia tudo em volta da velha casa no fim da rua. Era a curiosidade dos jovens, e o medo das crianças. Ninguém sabia o que tinha lá dentro, mas todos já ouviram as histórias. Assombrada, esse era o nome dado pela população daquela cidadezinha localizada na Escócia. Em noites de Halloween era comum a visita pelas redondezas, mas atitude e atrevimento de pisar naquele terreno não era visto. O pavor estava escondido dentro de cada um, seja novo ou velho. Como todos os anos, aquele mês de outubro estava repleto de folhas caidas no chão, o outono reinava. A estação fazia com que tudo parecesse mais assustador do que o normal. Doces eram pedidos de porta em porta, fantasias vestidas e sorrisos infantis refletindo a pouca luz que restava nas ruas. O costume foi seguido, e grupos fitavam a casa abandonada, seus olhos ardentes de imaginações. Barulhos eram escutados, ventos cortavam os rostos ali presentes. Presenças eram passadas de um por um. Tudo que avistaram além do nevoeiro, foram vultos por dentro da casa, e um único homem, em pé na frente da porta. Uma corrida tinha começado, o desespero para chegar em casa tomava conta do corpo daqueles adolescentes. Já sentados em volta de uma mesa, apenas com um vela acesa no centro, as histórias de fantasmas começaram a surgir. Um grito agudo saiu da garganta branca de uma das garotas, ao olharem para trás, viram o mesmo homem que estava na casa, segurando um machado, e com um olhar tão maligno, quanto a sua moradia, a Casa 231. 

segunda-feira, 21 de março de 2011

Transilvânia




Foi nesse dia que senti meu sangue correr realmente nas veias, o arrepio da minha pele aflorar e a fascinação juntamente com o medo atravessar os meus olhos. Casas grandes, sombrias e antigas apresentavam a região, assim como seu céu tenebroso no fim da tarde. Passeios eram feitos em carruagens guiadas por cavalos negros, como nos livros e em filmes de terror. Parecia que Bram Stoker não tinha exagerado nada ao escrever Drácula, seu ambiente era exatamente igual, e transmitia o mesmo temor que senti ao ler aquelas frases em sua obra. A noite já tinha aparecido coberta de nuvens cinzas, os ventos que batiam em meu rosto pareciam sussurrar lendas, tudo em volta tinha uma beleza assustadora. A ida ao castelo de Vlad III era guiada exatamente em horários noturnos, segundo um historiador do local: "Vocês só vão ver o que desejam, se estiverem presentes na hora certa". Aquelas palavras eram repetidas na minha cabeça, mas o que meu corpo sentia, era que alguém estava atrás de mim liberando lentamente esse som que me perturbava. Estava encantada com a impressão gigantesca que o castelo passava. Era como se estivesse gravando em um grande jardim com árvores altas e sinistras, mas não, aquilo tudo era real, assim como o vulto que vi passando por trás de uma cruz, na verdade, parecia um túmulo, e era exatamente isso. Os corredores eram largos e com pouca energia. O suspense era a diversão dos guiadores. Turistas com medo de ver algum espírito, vampiro, ou quem sabe o próprio príncipe, vulgo Drácula. Meu coração batia, almejando por algo. Enquanto todos ouviam atentamente a história verdadeira contada, eu via a real, e não era a que estava sendo narrada pelo guia, e sim, a que eu vi do lado de fora. Eu estava presente na hora certa, e tive a certeza disso quando chegamos no corredor onde tinha a sala que Vlad esteve preso. Congelei, meu olhar fixou naqueles olhos negros na minha frente, ele era alto, vestes medievais, capa preta, cabelos tão negros quanto seus olhos alisavam seus ombros. Quem era ele? Ao olhar para trás notei que tinha me perdido por muito tempo em tal imagem à frente e estava sozinha, as pessoas do passeio já tinham ido para a loja da saída. Ele permanecia ali, olhando diretamente para meu rosto, ou quem sabe, para meu pescoço. Era penetrante, e exercia uma força magnética nos meus pensamentos e no meu corpo. Foi então que senti meu sangue quente nas veias, percebi que era a hora de sair daquele corredor. Um sorriso lateral e atraente surgiu em seu rosto, e uma mexida de pescoço para um lado e para o outro. Parecia inofensivo para a minha parte sensível, mas já a consciente sabia exatamente quem ele era e o que queria. Corri, sabendo que o vulto visto anteriormente era o mesmo que vi a segundos atrás. Cheguei na lojinha, achando que meu espírito tinha saído do corpo, não acreditava no que mirava, era ele. Perguntei para o vendedor quem era na pintura, e foi essa a resposta que recebi: "Essa é uma pintura lendária, muitos acreditam ja ter visto o mesmo por aqui, mas nenhum fato se concretizou. É ele mesmo, quem a senhorita está pensando, é Drácula".

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Atração

Entrei naquela festa e senti que o clima ia esquentar. A batida da música movimentava meu corpo de acordo com seu ritmo. Todos me apresentavam para elas, eu quis resistir a toda aquela tentação, mas meu desejo falou mais alto. Fui com tudo em uma direção única e sem volta. A primeira passou por mim com aquele cheiro delicioso, implorando pela minha boca, e foi nela que aquela noite se tornou uma passagem só de ida para o que parecia ser maravilhoso, mas na verdade escondia sua verdadeira identidade debaixo de toda aquela alucinação. Fiquei com ela por várias noites, parecia que tudo acalmava quando estava ao lado dela, era como se eu estivesse deitado na areia da praia ouvindo o som que as ondas emitiam. Ela não estava sendo o bastante para mim depois de um certo tempo, comecei a necessitar de mais potência, foi ai que veio a segunda na minha vida. Essa era maravilhosa, a pele branquinha, e quando estava com ela, sentia uma sensação de poder, quanto mais me excitava, menos sono eu sentia. Estava tudo em perfeita combinação. O medo para mim? Não existia mais. Os dias iam indo embora, assim como elas, não abandonava por total, mas depois da branquinha, senti uma ardência por descanso, relaxamento. Ela já tinha durado por meses, não aguentava mais toda aquela pressão. Precisava me sentir no paraíso, e foi em direção a esse caminho que segui. Mesmo me levando para um reinado de paz, essa nova parecia me tornar mais agressivo, e foi ai que dei conta que só ela não ia me satisfazer, precisa de mais um. Foi então que rolou a primeira vez a dois, sim, isso mesmo, e posso dizer que foi uma sensação única, não conseguia parar. Enquanto ela entrava no meu corpo, ele fazia com que minha respiração ficasse mais ofegante. Quando estava sem ele, me sentia depressivo e com vontade de morrer. Cada vez mais ficava ao lado dele, aquele conforto que durava minutos me deixa em transe. Elas ficaram no passado daquelas noites de alegria, já ele, ah, ele não. Todo dia deitava ao meu lado fazendo com que meu corpo ficasse cada vez mais quente. Fome e sono? Há alguns meses meu estado físico não identificava essas palavras. Desmoronando, era esse o verdadeiro nome para o que ocorria. Não era só meu corpo que estava dependente, minha alma já estava presa à todas elas. Comecei a perceber que não era aquela atração inicial que elas transmitiam à mim e sim o meu vício por essas drogas.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

O Outro Lado

O som vinha do lado de fora da porta, mas ela não tinha coragem de abrir, sabia o que a esperava do outro lado, e falar qualquer coisa em direção ao oposto podia ser pior do que ficar na cama, enrolada, e torcendo para as pessoas da casa chegarem. Parecia querer entrar, mas antes, assustar. Seu medo passava por toda sua espinha dorsal e a chuva que caia nas ruas, inundava seu rosto com pânico. Havia uma única luz acesa no quarto, e o som da televisão parecia ter sumido junto com a sua coragem. A porta continuava trancada, e os barulhos pelo corredor aumentavam como os batimentos de seu coração. Aquela frase dita antes talvez fosse o motivo daquilo está acontecendo naquele momento. Sentia vontade de gritar, mas a única coisa que saia da sua garganta era os gemidos junto as lágrimas em seus olhos. Desejava se esconder embaixo de um travesseiro e sumir, mas sua realidade não era essa. Ela devia enfrentar aquilo, e sabia disso, mas também lembrava do que já tinha lido em vários livros. A força do outro era maior que a dela, e isso já pareciam saber. Enxugou as lágrimas e suplicou um momento calmo. Os movimentos tinham acabado, e tudo parecia ter se tranquilizado com um único pedido. A escuridão chegou de repente, e sua voz saiu, mas parecia invisível como o que estava à sua frente. Uma sombra do seu lado pedia: "Me ajude". Falava, gritava e chorava. Seu rosto era de um grau de sofrimento inexistente naquele mundo, era escura, assim como seu quarto tinha ficado. Coisas caiam das mesinhas que ali estavam, a luz piscava, e a mulher se aproximava. Enquanto isso seu corpo tremia, descobriu que o motivo de sua bipolaridade naqueles dias tinha sido a tal moça sem corpo físico na sua frente. Em uma última tentativa a sombra falou: "Me ajude, você é capaz disso". E uma risada ecoou no cômodo. Tinha mais de um ser espiritual presente naquela casa, ela sentia isso. Era tarde demais para voltar atrás, teria que fazer alguma coisa sem ser machucada. Pois nenhuma luz permanecia acesa quando eles decidiam apagar. 

sábado, 19 de fevereiro de 2011

O Bosque




Do seu quarto a vista era de um imenso jardim colorido, com várias pessoas passeando e cada uma esbanjando tudo o que tinha. Naquela época era comum querer mostrar quem tinha mais poder. Para Clarice parecia que aquela tarde não teria fim, parentes entrando em seu quarto para arruma-la, para entregar presentes e para oferecer rapazes. Sim, a garota estava completando apenas 15 anos e ja queriam um casório. O que ninguém perguntava era se ela queria, e se ela se sentia bem como tudo aquilo na sua volta. E a resposta era não, o que queria era sossego e paz, apenas uns minutos sozinha, com seus pensamentos. Quando teve oportunidade de sair de seu quarto sem ser vista, correu pelos corredores do castelo até o belo bosque encantado, como seu pai o chamava enquanto era vivo. Foi para a região deserta daquelas flores, não queria ser incomodada por ninguém,  falar sobre jóias e como ela estava grande não era seu principio básico. Toda aquela gritaria de suas tias no dia anterior sobre como ela era uma menina cheia de sonhos e fantasias ja tinha acabado. Para as mulheres de seu sangue real ela era boba e sem nenhuma noção de futuro. Só conseguia correr por aquele verde e pelo seu rosto desciam gotas de água ao lembrar das últimas palavras do pai: "Sua vida será feita de sonhos, e não deixe ninguém te falar bobagens sobre isso". Havia parado e sentado em um tapete macio de plantas, que liberavam seu cheiro agradável pelo caminho. Sua vontade de sumir daquele mundo em que vivia só aumentava a cada lembrança falhada de sua memória. Ela estava mais perto do que imaginava, e foi então que seu olhar fixou em uma grande árvore que derramava seus grandes galhos pelas rosas. Era um modo de ir para  outro país, um que os homens ainda não conheciam. Foi a última vez que aqueles ventos familiares bateram no rosto de Clarice, e então foi visto os últimos fios loiros embarcando para um mundo desconhecido. Mas para onde dava aquela passagem secreta? Isso só ela sabia a resposta.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A Foto

Aquele quarto parecia estar dentro de um sonho, mas não de princesa e sim de um sonho misterioso. Estava repleto de coisas antigas, fotos e objetos dominavam o local. Os móveis eram escuros incapazes de transmitir algum reflexo claro pelas paredes. Era fim de tarde e ela estava sozinha, apenas com um ursinho na mão, era uma menina linda, de cabelos e olhos claros. Sua curiosidade varria o quarto por completo, explorando todos os pontos mais escuros. Não transmitia medo em seu rosto, mas seu interior parecia procurar algo que nem ela sabia. A cada toque sua mente ficava mais aberta, absorvendo tudo que seu tato transferia para o resto de seu corpo. Haviam quadros, telefones, livros, e uma cama com lençóis dourados. Subiu para poder pegar os livros que ficavam em cima de uma estante, todos pareciam tratar de algo imaginário, algo invisível ao olho humano. Mas no fundo de todas aquelas letras a garotinha sabia do que se tratava, e acreditava plenamente no que seus olhos filtravam e no que seu coração sentia. Era uma alegria de criança descobrindo algo novo, mas o que ela não sabia, é que tudo aquilo fazia parte de uma montagem, e que nada era desconhecido. Os minutos iam passando lentamente, assim como sua vida parecia passar, a delicadeza com que virava aquelas folhas eram semelhantes ao toque de suas mãos. Um alto relevo na mesinha de centro chamou sua atenção, estava com poeira, e um pano escondia seu segredo. Recebeu a mensagem por trás do esconderijo, viu uma foto antiga em uma moldura feita com mínimos detalhes, e aquele retrato mostrava sua verdadeira imagem, o que a mesma não imaginava, é que aquela moça com olhar penetrante na sua frente, era ela mais velha, a centenas de anos atrás.