segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Lembrar



Quando ela era pequena, costumava ouvir histórias sobre monstros e fantasmas, e ler pequeninos livros sobre princesas e príncipes encantados. Filmes de terror ou de contos de fadas estavam sempre ao redor de sua televisãozinha. E em torno de sua pequena cama, ela mantinha quem sempre esteve ali com ela. Parecia uma boneca, de tão delicada, mas sua mente era perversa, e até um pouco fora de época. Ela gostava de rock, e talvez de um pouco de pó mágico para poder voar, mas sua imaginação ia além de coisas passageiras, ela era infinita. De vez em quando podia se perder no encanto de sorrisos, e tentar atravessar a fronteira para a Terra da Nunca. Ou podia tremer por sentir que alguém iria deixa-la, e mais uma vez abandonada iria estar. Sua princesa andava ao lado de sua dama da morte, e ela podia escrever contos que nenhum poeta ou contador de historias jamais imaginou escrever um dia. Às vezes ela podia fazer o inferno subir a terra, ou a terra ir para níveis mais baixos. Mas ela podia também fazer com que anjos dormissem do seu lado. E apesar de tudo ela estava sorrindo, e apenas admirando o lago a sua frente. Ela poderia fazer de tudo uma monotonia, mas ela preferia arriscar e saber até onde sua mente a levaria. Enquanto isso, ela voltava para a cama, e ao encostar a cabeça no travesseiro de penas ela apenas pedia: “Ilumine-me e proteja-me, mas deixe que a luz dele brilhe sempre mais que a minha.”