quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Se eu morrer antes de acordar?


Os olhos seriam fechados e o corpo adormecido. Daria continuidade aos que acreditaram. Deixaria a necessidade e o prazer de sentir, para os que poderiam suportar uma perda. Colocaria a dificuldade de lidar com as coisas, nos que desejam o intenso.  Sentiria as partículas arranhadas a cada passo que apagaria. Superaria as despedidas, consciente que elas seriam passageiras. Forçaria o risco de me arrepender por algo que teve um toque, e não por algo que somente foi imaginado. Um único motivo seria o bastante para balançar o imortal.  Desenharia rabiscos capazes de transmitir o real invisível. Assopraria o vento, para os que precisam de leveza. Agarraria o mais doce dos casos, guardando nele o que me foi deixado. Ligaria a circulação em pessoas desconhecidas. Quebraria a infelicidade apenas com o calor honesto. Seguiria as pegadas construídas por um acompanhante. Voaria para longe libertando as raízes maduras. Correria mil milhas para que o último olhar fosse trocado. Cometeria erros para que a responsabilidade sumisse durante a alegria. Falaria o que foi machucado e o que seria lembrado. Calaria para dar à razão a emoção. Lutaria para guiar as mãos controladoras. Optaria por andar descalço, para não ser enganada por solas confortáveis. Odiaria, para mostrar que o amor é capaz de estar entre todos. Arderia, para que o sofrimento evaporasse com as lágrimas derramadas. Complicaria a certeza, para que todos tivessem coragem de seguir o duvidoso. Morreria, para valorizar os últimos minutos de atitudes. Dormiria sabendo que uma única luz seria capaz de me fazer acordar.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Queimando


Queimando como todas as promessas e lembranças que tiveram que ser esquecidas. Ardendo como a intolerância de um fim. Aumentando como o desprezo de uma atitude desfavorável. Desenvolvendo como o orgulho que foi prejudicado e mal intencionado. Esfumaçando como os momentos que sumiram antes de acontecerem. Reluzente como o previsto para uma felicidade imaginada.  Abaixando como as mentiras que alimentaram insanidades. Mudando como as páginas viradas. Iluminando como as ilusões resgatadas emocionalmente. Sumindo como as lágrimas que limparam a memória defensiva. Enganando como a paixão inexistente nos sentidos. Destruindo como as palavras que construíram a ventura insignificante. Esquentando como o perigo de um acaso desmoronado. Encantando como a candura extraída de faces erradas. Certo como os membros apoiados em peles invisíveis. Ameaçador como a música que anunciava o inapropriado. Selvagem como o corpo que sentia sede de calor. Inesperado como os olhares nunca cruzados. Falso como os perdões escritos de imediato. Perturbador como o imprudente atormentado. Crescente como o tempo que foi contado. Apagando como o abandono de recordações inapagáveis. Reaparecendo como o que antes representava apenas fantasmas.   

Apetitoso


 
Presente na mesma esquina, esbanjando tal sexualidade. Seu poder de atração era admirável, desejado, tocado. Nos lençóis era possível imaginar qualquer ação real que seria exposta. Seria capaz de derramar marcas pela pele, transmitindo prazer, tesão. Aprendendo a tradução de várias línguas pelas curvas no mapa apreendido. Dominação, ambição, excitação, sintomas arqueados com tantas roupas rasgadas pelo chão. Puxadas brutais, capazes de elevar seu nível devasso. Tantos fetiches a beira do suicídio, tantos toques ofegantes, tanta caça apenas por uma presa. Movimentos circulares com paladares aguçados. Orientação dada pela perversão. Uma fobia que poderá ser causada pela perda do controle. Favorecendo o que antes estava adormecido, apenas com a introdução regular. Uma definição de almejo, de maldades provocadas. Guardando a concepção do oculto, do que privilegiará tais tatos. Uma repetição moderada, mas muitas vezes exaltada. Um silêncio abafado por gritos intencionados. O descontrole afiado capaz de transformar o inocente em culpado. Coisas más são bem vindas para os que têm começo e fim salivados. O gosto está em possuir o pecado, ou o que alguns vêem como inadequado.   

domingo, 9 de outubro de 2011

Chá

Tumblr_lrp1y2ynjk1qkcgpwo1_500_large

É tarde, é tarde, é tarde, é tarde, é tarde. O coelho falava entre seus pulos no chão. Pessoas tentavam arrancar qualquer detalhe do ambiente fechado, mal imaginavam o que estava trancado. A rainha de copas presenteava a todos com sua ilustre presença. Sua educação e simpatia eram de admirar, o que para alguns tornava-a bastante suspeita. Cortem as cabeças seria a frase certa para o Challoween que estava apenas começando. Histórias mágicas? Final feliz e príncipe encantado? Acho que nessa data não seria o momento certo para procurar isso. Uma mesa bem colocada, com pratos saborosos, mas misteriosos. Um bom paladar para quem experimentava. O que teria naqueles alimentos? E naquelas bebidas? Os efeitos sanguíneos estavam prestes a aparecer. Uma entrada pouco iluminada, com um gato capaz de aparecer e desaparecer aos olhos humanos. Cartas abaixo de todos os pés. O jogo já estaria perdido? Um carro aberto, abandonado. Onde estariam as pessoas que antes estavam dentro do veículo? Alguma conseguiu sobreviver? As batidas musicais colocavam seres surreais a solta. Sim, eles eram diferentes. A mulher suja, deformada, apenas com a intenção de levar todos para o labirinto em que seriam devorados. Zumbis em toda parte, com olhares penetrantes e maldosos. Achar um lugar seguro era impossível. O mais fácil seria se entregar a eles, assim o que estava por vir poderia ser menos doloroso. E para os que gostam do difícil? Da aventura? Esses estavam em uma localização certa. Talvez uma sala até fosse segura, até manchas de sangue surgirem pelas paredes e espelhos. Era a hora do terror. Cadeiras bem frequentadas, o difícil era saber quem ali não iria mordê-lo. O vampiro na porta era dono de um poder atrativo magnético, seu charme era a isca para inocentes. Bem vindo ao túnel, quer companhia? Acha que é capaz de sair sem nenhum arranhão? Ou sem ser contaminado? Então entre e fique a vontade. Passar mal era ilegal para quem não pretendia ser atendido por um médico que só estava interessado em carne, de preferência, viva e quente. Risadas abafadas, gritos desesperadores. Sete dias para uma fita de vídeo ser mostrada para mais alguém. Vai arriscar? Desliguem seus telefones, não será válido atender o pânico. Deixem que os movimentos involuntários tomem conta de seus corpos. Os caixões estavam abertos, e vazios. Eles já estavam destinados a alguém? Cuidado, o seu nome poderá estar escrito nele. O chapeleiro enlouquecido estava com o veneno em suas veias. Quer ser envenenado por ele? Tire sua cartola. Não tenham medo do escuro, dos barulhos, das correntes, ou dos que vagam pela terra para buscar vocês. Isso faz parte da diversão dessa noite. Então, aceita um chá?

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Iluminado

Candle-flame_large

Olhar escuro, esquecido, abandonado. Boca carnuda, onde guardava tudo o que gostaria de pronunciar. Longe, sem muitos contatos espontâneos. Dono de um baú que poucos conseguiam abrir. Cabelos reveladores de sua personalidade oculta. Mente aberta, com segredos fechados. Uma atenção recomendável, as vezes acima do normal. Pouco examinado, pouco admirado, pouco afetivo. Por trás uma imagem relevante. Descobertas cobertas por prevenções. Dentro de uma rotina em ritmo lento e persuasivo. Iluminado por algo que não compreendia. Seu verdadeiro ser morava na frase escrita em seu peito. É mais do que podem enxergar. Não é possível notar tanto caráter, a não ser que consiga ver além do rosto, dos olhos, da retina. Seu esconderijo o mantinha em proteção. O que aconteceu nos anos anteriores? E nos dias que estão por vim, o que está desenhado para acontecer? O limite não é apenas o céu. Até naquela escuridão existe estrelas a brilhar. Uma boa fotografia pode apresentar o que deseja ardentemente. A cor carregará até um lado desconhecido, misterioso. É só o começo de batalhas que serão vencidas. Uma evolução bem feita resistirá a qualquer depressão aceita.

Pássaros

Tumblr_lqyyxzgs6n1r1nx46o1_500_large

Ao som dos pássaros, uma melodia que nos faz pensar. A dança de seus corpos pelo céu, e a leveza de suas penas como uma aquarela. Pousos delicados, com grandeza e simplicidade. Belas pinturas coloridas, sendo levadas por ventos mornos e aconchegantes. Um canto adocicado e apreciado pelos admiradores do bem estar. Carregadores de uma positividade tamanha. Uma real e pequena forma. Possuidores do ar livre, símbolos da liberdade. Avançam em seu caminho com um esforço privilegiado. Reis de um lugar que dizem ser o limite. Sintonias modificadas com o sentido das palavras. 360° de voo liberado pelos deuses que os criaram. Portadores de uma tranquilidade incomparável. Nunca capturados de verdade, estão sempre ensinando o sinônimo de prosperidade. Tanta alegria em apenas uma visão, uma aparição. Os reconhecedores de sua ingenuidade são abençoados por sua efetividade. Lágrimas que curam qualquer pedaço desconfiado. Os espirituais possuem o dom de tê-los sempre por perto. Tão adoráveis e raros. Presentes em lares com amores únicos. Voam para longe, sem pensar no destino em suas estradas, sempre alcançando maiores níveis, presenciando suas boas memórias. Lembrando que nenhum pouso dado, mesmo sendo pequeno ou julgado desnecessário, foi em vão.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Intocável

Tumblr_lox9s077qi1qawd4xo1_500_large

Era de uma forma diferente, intocável. Para quem assistia de baixo, não imaginava um toque, um perfume. Voz e movimentos encantadores. Apenas com um olhar, um chamado concedido. A entrada era mais perto do que seu corpo pensava que seria. Igualmente percorrida, sem interferência de medos ou futuro. O caos aparecia mesmo tudo mantido em silêncio. Suspeitas que nenhuma estava disposta a se preocupar, ou "corrigir". Era o momento, o poder de estar ali, pele com pele. Uma ocasião única, aproveitada em mínimos detalhes. Muito mais que um desejo momentâneo, uma semelhança. Não existia tempo para pensar, só para agir. Ousando desobedecer qualquer regra existente nesse meio. Significava mais do que uma simples noite, era algo extraordinário. Segundos mais valiosos que os primeiros passos dados. A segurança transmitida pelas mãos, sorrisos, palavras e atitudes. Grandes ações, liberações e perfeições. Parecia ser um sonho com cores vivas, mas na verdade pertencia a uma realidade não tão distante. Jamais seria esquecido, aquelas cenas estavam desenhadas como uma tatuagem. Foi maravilhoso. Estavam preparadas para um afastamento que seria lembrado por uma troca de olhares. Reencontros marcados, telefonemas esperados. Perante todos não existiria tal possibilidade. Perante a elas, a possibilidade tinha sido a fase inicial. Tudo foi possível em apenas uma sala. Ninguém precisava entender a razão por ter acontecido, elas sabiam o motivo da ação, da paixão. Talvez um dia até queira voltar atrás, mas se não tivesse feito tudo aquilo, como saberia o quanto seria bom?