Quando ela era pequena, costumava ouvir histórias sobre
monstros e fantasmas, e ler pequeninos livros sobre princesas e príncipes
encantados. Filmes de terror ou de contos de fadas estavam sempre ao redor de
sua televisãozinha. E em torno de sua pequena cama, ela mantinha quem sempre
esteve ali com ela. Parecia uma boneca, de tão delicada, mas sua mente era
perversa, e até um pouco fora de época. Ela gostava de rock, e talvez de um
pouco de pó mágico para poder voar, mas sua imaginação ia além de coisas
passageiras, ela era infinita. De vez em quando podia se perder no encanto de
sorrisos, e tentar atravessar a fronteira para a Terra da Nunca. Ou podia tremer
por sentir que alguém iria deixa-la, e mais uma vez abandonada iria estar. Sua
princesa andava ao lado de sua dama da morte, e ela podia escrever contos que
nenhum poeta ou contador de historias jamais imaginou escrever um dia. Às vezes
ela podia fazer o inferno subir a terra, ou a terra ir para níveis mais baixos.
Mas ela podia também fazer com que anjos dormissem do seu lado. E apesar de
tudo ela estava sorrindo, e apenas admirando o lago a sua frente. Ela poderia
fazer de tudo uma monotonia, mas ela preferia arriscar e saber até onde sua
mente a levaria. Enquanto isso, ela voltava para a cama, e ao encostar a cabeça
no travesseiro de penas ela apenas pedia: “Ilumine-me e proteja-me, mas deixe
que a luz dele brilhe sempre mais que a minha.”
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